Desoneração da folha de escolas particulares pode reduzir mensalidades em 45%
17/03/2013 -
17h20
Brasília - Escolas particulares de ensino básico pedem a desoneração da folha
de pagamentos para aumentar investimentos em educação. Representantes das
instituições negociam com o governo federal um marco legal que os beneficie
diretamente e pedem a inclusão dessas escolas na emenda que trata da desoneração
das instituições superiores de ensino privadas, que está sendo discutida em
comissão mista no Congresso Federal. De acordo com a Federação Nacional das
Escolas Particulares (Fenep), a desoneração poderia gerar uma redução de 45% do
valor das mensalidades.
A discussão começa com a Medida Provisória (MP) 582/12 que permite a alguns
setores da economia substituírem a tradicional contribuição previdenciária,
equivalente a 20% da folha salarial, por uma contribuição baseada em alíquotas
de 1% a 2% da receita bruta, de 2013 a 2017. Com a aprovação da MP pelo
Congresso, uma nova medida visa a ampliar os beneficiados, a MP 601/12 estende
as desonerações a setores da construção civil e varejista, e, incluída a emenda
do deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), a instituições privadas de ensino
superior.
Nesta quarta-feira (20), a comissão mista da MP 601/12 se reúne e as escolas
privadas pressionarão para a inclusão das instituições. "O governo é capaz de
estimular o consumo com a desoneração, por que não fazer o mesmo com a educação?
Os valores podem ser transformados em bolsas de estudo, em aumento de salários
ou mesmo na redução da mensalidade dos alunos", diz a presidenta da Federação
Nacional das Escolas Particulares (Fenep), professora Amábile Pacios. Segundo
ela, as escolas têm cerca de 70% do custo operacional em folha.
Representantes das instituições de ensino superior acreditam que a inclusão
das escolas de ensino básico pode "complicar substancialmente". "É preciso
separar as duas etapas. As necessidades são diferentes e devem ser feitos
esforços diferentes para o ensino básico e para o ensino superior", diz a
diretora executiva da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Educação
Superior (Abraes), Elizabeth Guedes. A associação representa grandes grupos de
educação de capital aberto, como Estácio, Kroton, Devry Brasil, Anhanguera e
Laureate.
Em relação ao ensino superior, Elizabeth diz que de 65% a cerca de 100% (no
caso das instituições filantrópicas) das receitas das empresas é direcionada
para a folha de pagamentos e que a desoneração representaria um aumento nos
investimentos de até R$ 1 bilhão no ano. Segundo ela, deveria haver uma
determinação legal de que esse investimento fosse feito em melhorias no
ensino.
"Mesmo que as instituições declarem, informalmente, que direcionarão os
investimentos para melhorias na educação, em nenhum momento se debate, dentro do
projeto, a destinação. Pela nossa experiência, isso não vai acontecer, [o
investimento] vai ser revertido em lucros para os donos das instituições, tanto
no caso das instituições de ensino básico quanto de superior", diz a
coordenadora da secretaria de Assuntos Educacionais da Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), Adércia Bezerra
Hostin.
Também esta semana, a Contee se reúne para calcular o que se deixaria de
arrecadar com as instituições de ensino básico. Em relação às de educação
superior, a confederação informa que são beneficiadas com uma série de isenções.
Com a Lei 12.688/12, com o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao
Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior (Proies), as instituições
podem renegociar as dívidas tributárias com o governo federal, convertendo até
90% do débito em bolsas de estudo, reduzindo o pagamento em espécie a 10% do
total devido. As instituições puderam trocar R$ 25 bilhões em dívida por cerca
de 560 mil bolsas de estudo. As renúncias fiscais com a adesão ao Programa
Universidade para Todos (ProUni) devem chegar a R$ 1 bilhão, em 2013.
Fonte: Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Edição: Fábio Massalli
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