CONTRATO DE NAMORADA*
LÉO ROSA DE ANDRADE
Doutor em Direito pela UFSC. Psicólogo e Jornalista. Professor da Unisul.
Site: www.leorosa.com.br
Quando chegamos a certa idade - ou condição física -, mudamos nossos interesses. Um animalzinho no fundo do cérebro nos obriga a prestar atenção no sexo oposto. Nas civilizações primitivas, a chegada à maturidade era recepcionada por um ritual de passagem. Nesses rituais, há a despedida de um modo de estar na vida e a iniciação em outra maneira de vivê-la. Nos homens, os sinais mais perceptíveis do estar pronto são voz grave e pelos; nas mulheres, menstruação e seios.
Nas organizações tribais, esse trânsito era rápido. Um dia o sujeito era criança, no outro, era feito adulto. A aproximação dos corpos decorria da sua condição bioquímica. Os rituais de acasalamento, se existissem, eram breves, e logo se partia para os "finalmentes", que podem ser traduzidos por procriação. Quando havia "entretantos", eram na forma de negociações de clãs, por trocas de mulheres entre grupos. Os que iriam compartilhar o leito mal se conheciam.
O fazer a corte, aproximar-se da família, comprometer-se, é coisa recente. É a caminhada do namorar. Trago dois significados da internet: "Namorar é estar nas nuvens, deliciando-se com o olhar do ser amado... Namorar é ter a alma enfeitada de laços e fitas..." (ilove.terra.com.br); "O namoro é uma instituição de relacionamento interpessoal não moderna, que tem como função a experimentação sentimental e/ou sexual entre duas pessoas..." (PT.wikipedia.org/wiki/Namoro). A primeira é uma definição que os apaixonados fazem do próprio estado de espírito; a segunda, uma visão sociológica.
O mais das pessoas está deliciosamente perdido nos seus devaneios, ou já teve seus prazeres e dores e olha tudo com viés racional. De qualquer forma, o ato de namorar foi convertido em valor social, e muita gente não se sente bem se não tem seu par para ostentá-lo. Não ter alguém para passear e levar ao restaurante é estar em déficit, consigo e com o mundo. Um conhecido meu vivia esta situação. Não era feio, não era tolo. Tinha algum recurso, sabia se apresentar. O que lhe parecia mais importante, todavia, não dava certo: não conseguia arranjar uma namorada.
A situação foi engraçada, virou piada, causou pena. Os amigos armaram situações, apresentaram interessadas. Nada. Os esforços convertiam-se em constrangimento. Alguém lhe apresentou um meio dos tempos atuais: www.arranjeumnamoro. Alguma garantia e prêmios aos participantes. Tentou, não deu. Já não se encarava, tinha rasgos depressivos. Até que veio a sugestão: contratasse uma. Não seria muito normal. Mas não era de todo mal. Ninguém iria saber. Contratou. Passeou e foi ao restaurante. O caso está sendo resolvido no Fórum do Trabalho. Processo pendente de solução.
Autor: Léo Rosa de Andrade; *Recomendo a leitura deste bem escrito artigo.
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Ola bom dia a todos! olhe eu recomendaria a todos que lesse até o fim muito bom artigo.
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